Jesús Manzano ganhou protagonismo em 2004, quando denunciou um alegado esquema de dopagem organizada no seio da Kelme-Costa Blanca, equipa a que pertencera. Mais de 5 anos depois das denúncias do antigo corredor, a justiça espanhola parece confirmar parcialmente as acusações proferidas pelo ex-ciclista.
O diário AS – que foi o meio escolhido para as declarações bombásticas de 2004 – escreve hoje que a denominada “Operação Grial” permitiu, através de buscas no consultório do médico peruano Walter Wiru, encontrar documentação semelhante à que Jesús Manzano apresentara, há mais de 5 anos, como prova das acusações que então fazia.
De acordo com o jornal espanhol, a polícia encontrou documentos manuscritos com planos de preparação e dopagem relativos a corredores que, em 2003, competiam pela equipa dirigida por Vicente Belda. O periódico acrescenta que alguns desses homens podem estar ainda no activo no ciclismo profissional. O AS não revela se os documentos apontam para a dopagem de toda a equipa ou só de alguns ciclistas. Sabe-se, isso sim, que do plantel da altura faziam parte homens como Alejandro Valverde, Oscar Sevilla, Constantino Zaballa e José Enrique Gutiérrez, todos ainda no activo.
O ciclismo profissional estava a passar praticamente incólume à “Operação Grial”, que atingiu sobretudo o atletismo e o ciclismo amador. No entanto, as revelações hoje avançadas pelo AS podem inverter a situação.
Sinceramente, de tudo o que li de Manzano e vi em documentários, sempre me pareceu credível. Para um leigo como ele, a forma como demonstrava detalhadamente as práticas de doping da equipa era bastante explicita e difíceis de negar. Para aqueles que duvidam deste homem, lembrem-se que esteve às portas da morte por transfusões sanguíneas mal efectuadas e outras práticas dopantes que não lembra nem ao mais céptico dos amantes do ciclismo. Nessa situação, e posta a minha vida em perigo, também eu colocaria a “boca no trombone”.